02 outubro 2006

NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

Minha mãe me perguntou outro dia o porquê de eu estar fazendo sopa pra comer ao invés de comer a que ela havia preparado. Expliquei pra ela que a grande questão era a precisão. Na minha sopa, eu gasto 25 gramas de fubá (90 calorias), 50 gramas de proteína de soja (141 calorias) e dois tabletes de caldo de carne (50 calorias), o que totalizam duzentas e oitenta e uma quilo-calorias. Na sopa da minha mãe, o máximo que eu posso fazer é estimar, e eu sou muito obsessivo-compulsivo pra confiar minha forma física a meras estimativas.

O que eu queria mesmo era controlar tudo. Ter informações precisas e detalhadas sobre todos os meus domíniso, eu queria mesmo é ser rei!

"Navegar é preciso, viver não é preciso."

Falando nisso, eu demorei muitos anos pra entender essa frase que eu aprendi na escola quando ensinaram sobre as grandes navegações. Na época pensei comigo "Nossa, os portugueses são mesmo burros como dizem, nem pra fazer a porcaria de um slogan eles servem", tudo isso porque imaginava que preciso significava necessário. Só muitos anos depois entendi que o termo em questão significava exato e não necessário e que o tapado na verdade era eu e não a pobre nação portuguesa.

Sempre fui tremendamente encabulado com as porcarias que eles ensinam na escola. Nunca esqueci que a explicação da diferença entre capitalismo e socialismo era que capitalismo se caracteriza por uma economia de mercado enquanto socialismo, por uma economia planificada. Eu escrevia na prova, a professora dava um C de vermelho como sinal para "certo", mas para mim aquilo não explicava patavinas. O que diabos era uma economia de mercado? Planificada então, piorou. Pra mim mercado era o Supermercado Mac que ficava a alguns quarteirões da minha casa e economia significava não gastar a minha mesada toda no dia que eu a recebia. Mas todo aquele papo da escola era muito distante da minha realidade de criança e eu preferia não perguntar mais nada. Afinal de contas, aquilo lá não tinha nada a ver com os meus reais objetivos de construir uma armadura de papelão parecida com a do a do Jaspion.

Até hoje eu tenho saudades da minha armadura de papelão.

8 comentários:

Anônimo disse...

pensadas (e muito bem) palavras de sr. francis! ensinando a siplicidade complexa que é essa vida! sempre um prazer ouvir (ou ler) o que tens a dizer (ou escrever)! :)

Anônimo disse...

Vale fazer outra?
Te arrumo papelão!

=D

Tahiná-Khan disse...

muito grande. fiquei com preguiça de ler...

Anônimo disse...

Poxa... incrível suas observações sobre a vida.
Nunca tinha percebido que preciso era exato.. haiuahiauhaiuahiauha.
Estou impressionada, novos horizontes se abriram na minha frente. MAs achu que ouvi essa frase uma vez na vida na escola sto. antonio, na 7º (ooôH! nostalgia) e por incrivel parece que foi ontem... Ou seja, eu prefiro os power rangers, pq nao sou do tempo do jaspion.

bjus

Anônimo disse...

ah, lembrei ao certo agora, os x-mans eram os melhores. Os meus preferidos do mundo todoooooooo!!!

^^

lucy_in_the_earth_with_rocks disse...

Esse post veio muito a calhar. É meio chato dizer isso, mas eu me identifiquei bastante com esse lance de navegar e economias e tal.

Mas devo dizer que a culpa nunca é nossa. Mesmo porque nossos professores deveriam ter explicado o sentido de preciso.

Sei lá... hoje eu tô paia.

Francis J. Leech disse...

eu não posso discordar de você, afinal, eu vivia na sala da coordenadora!

Anônimo disse...

Pensooooo... q sou sua fã! rs