14 novembro 2008

HEART OF STONE, SOUL OF METAL

Estou perto de fazer uma cirurgia com anestesia geral, e pra isso, é de praxe que se peça ao paciente um chekup do coração. Eis que lá vai o Francis, pela primeira vez na televisão, no consultório do cardiologista.

Apesar de eu não estar sentindo absolutamente nada no coração e adjacências, eu confesso que visitar esse tipo de médico me fez sentir uma pontada do desagradável peso dos meus trinta anos. Até porque não dá pra não reparar no detalhe de que a soma das idades de todos os presentes na sala de espera totaliza quase uma era geológica.

E falando em eras geológicas, o tempo que eu passei na sala de espera foi mais que suficiente para me transformar em petróleo caso a temperatura e a pressão não fossem razoavelmente controladas. Levando em conta que eu escolhi o médico justamente pelo fato dele ser o único no guia da Unimed que atendia por hora marcada e não por ordem de chegada, dá pra me considerar praticamente um tambor de gasolina aditivada.

Em segundo lugar, o médico em questão me tratava com a cordialidade benevolente típica de quem tem o costume de lidar com a terceira idade, como por exemplo, começar o diálogo com um comentário sobre o tempo. Meu impulso não foi outro senão conter a minha grande vontade de dizer, "assina logo essa porcaria que eu tenho que ir ali ser operado, ok?".

O que mais me frustrou foi que o rapaz ainda resolveu pedir outro exame. Talvez tenha sido vingança por eu não estar sentindo absolutamente nada no meu coração.

...A não ser pelo ódio e desprezo por boa parte da raça humana, mas até aí, nenhuma novidade.