25 abril 2007

NÓS VIEMOS EM PAZ II

Quando dizemos que um planeta é habitável, é perfeitamente possível imaginar que ele também seja habitado.

Imagine viajar por esses 30,3 anos luz para encontrar uma civilização avançada cheia de ensinamentos que mudariam para sempre a forma como a humanidade enxerga a vida e o convívio uns com os outros.

Seria do caralho, não acham?

Mas por outro lado podemos ficar quase trinta anos fazendo palavras cruzadas à lápis, apagando e começando tudo de novo até ter buracos no lugar das letras pra chegar lá e achar um monte de nativos pré-históricos jogando cocô pro ar igual um bando de chimpanzés.

Na verdade é melhor imaginar que ele esteja vazio pra evitar decepções.
NÓS VIEMOS EM PAZ

Hoje eu li que a nasa achou um planeta habitável perto do nosso sistema solar. Lá tem tudo que a gente precisa pra viver, um oceano, uma atmosfera, carbono e tudo mais. Tá certo que não tem internet banda larga, mas acho que seria meio anti-estético pôr um cabo esticado assim no meio do espaço. Quando vemos filmes de ficção científica, nunca vemos cabos no meio das estrelas. Abdicar da internet em prol do universo é uma coisa muito bonita, digna do homem do futuro. Eu, por exemplo, não abdico da internet nem pela paz mundial e o fim da fome no mundo juntos.

20 abril 2007

BOA AÇÃO

Hoje eu contribuí com o Centro Comunitário Frederico Ozanam com dez reais. O interessante foi que me deram um recibo. Me perguntei por que diabos eu preciso de um recibo de uma contribuição desse tamanho. Se fosse uma grande quantidade de grana eu ainda poderia deduzir do imposto de renda, mas, caramba, são dez reais! E eu ainda por cima sou isento!

Por via das dúvidas vou juntar vários recibos desses e instruir meus descendentes a me enterrar com eles quando eu morrer. Talvez eles possam ser abatidos de todas as vezes que fiz mal ao próximo e sexo grupal.

Quantos anos será que eu ainda vou viver?
ESTA POSTAGEM É VAGA E MAÇANTE

Há ocasiões na vida em que as coisas começam a sair do controle. Quando a gente pensa que tudo está perfeito, alguma coisa acontece e atira um saco de cocô no nosso lindo quintal decorado para uma grande festa e acaba lançando a moda de jogar sacos de merda no quintal da gente.

A isso chamamos caos.

Na verdade tudo é caos. Mas o ser humano gosta de criar alguns padrões organizados de acordo com uma certa lógica por ele adotada. Pode ser só uma ilusão frente ao grande caos do universo, mas desde que ocupe o nosso campo de visão, já está valendo.

Nossos pequenos bolinhos de ordem nos distraem do grande estresse gerado por tentar se adaptar o tempo todo a um caos que simplesmente não temos capacidade de processar e compreender. Essas pequenas esculturas de padrões organizados passam a fascinar as pessoas que acabam por se acomodar no pensamento de serem verdadeiros artistas caóticos ao invés de esportistas preguiçosos no cansativo esporte de se adaptar ao inesperado.

A vida é isso, andar no sentido da frustração perante o caos para o fascínio com a pequena ordem criada pra depois ver essa ordem se desintegrar no tempo e se ver forçado a voltar pra dura adaptação ao caos.

A-B pra depois B-A.

Viram? Sempre tem um padrão!

18 abril 2007

VAZIO DA ALMA n.º X+1

Sinto um vazio da alma. O dia foi nublado o tempo todo, choveu, eu dormi à tarde, não conheci ninguém novo que me chamasse pra andar no parque nem nada.

Quando isso acontece parece que todas as novescentas mil músicas do HD não conseguem suprir a necessidade de ouvir uma coisa diferente que eu imagino ter mais a ver com uma necessidade inconsciente de algo que não tem nada a ver com música.

Na dúvida eu ouço Radiohead.
SOBRE A PSEUDO-INTELECTUALIDADE

Não tem jeito, toda época tem seu zeitgeist, sua configuração básica, seu jeitinho de pensar. As pessoas se dividem naquelas que não tem a menor idéia do que está acontecendo em sua época, naquelas que sabem muito bem o que acontece e naquelas que acham o máximo saber o que acontece, mas que na verdade, têm só uma vaga noção, mas compensam o resto falando pra caramba sobre assuntos que não tem, muitas vezes, a menor noção. A esse último damos o nome de Pseudo-Intelectuais.

O pseudo-conhecimento é a "roupa" do conhecimento. É a manifestação mais externa e superficial de um conhecimento. É a parte que retém a menor importância mas a maior parte da impressão que o tal conhecimento passa. São as frases de efeito que nem sempre fazem sentido sem um conhecimento mais profundo, mas que ainda assim causam o maior efeito numa mesa de boteco (para as pessoas menos inteligentes, naturalmente).

Épocas como os anos 2000 são abarrotadas de pseudo-intelectuais. Aquele povinho que preferiu substiuir o status de "banana" pelo de "cult". Aquele aluno mediano, ou o super CDF que descobre o vazio que se sente depois de obedecer todas as regras e não ganhar nada por isso além de uma estrelinha de bom aluno. Pseudo-intelectuais se acham muito refinados para o rock, muito adultos para a rebeldia. Posam de blazé demais pra dar risada e adoram qualquer coisa que o Neil Gainman escreva, mesmo quando é uma bosta.

Mas pseudo-intelectuais são legais porque criam um mercado consumidor que pode ser extremamente útil para pessoas realmente inteligentes. Pseudo intelectuais lêem livros e fazem com que novas edições sejam impressas. Naturalmente que há aqueles que se contentam em saber o nome dos autores e alguma coisa sobre eles, mas uma vez na vida eles compram alguma coisa.

Pseudo intelectuais também freqüentam lugares alternativos impedindo que eles fechem, fazendo com que as pessoas inteligentes tenham que beber em lugares freqüentados por playboys e patricinhas.

Enfim, pseudo-intelectuais são como aquelas pessoinhas que ficam no fundo das fases de Street Fighter, que apesar de terem só dois ou três quadros de animação, caracterizam a fase.

...E como dizia Nietzsche: "Os fins justificam os meios" (ou seria Voltaire?)
MCMLXXX

1981 - Surge a rede de televisão americana MTV que teve forte influência no mundo jovem e na estética da comunicação televisiva de modo geral.

1983 - Pink Floyd vive a famosa batalha judicial com o ex-membro Roger Waters que exige direitos de suas composições fora da banda.

1985 - A dupla britânica Tears for Fears lança seu mais famoso álbum Songs from the big chair

1982-1989 - A banda canadense Rush abandona o estilo progressivo e inicia sua fase mais pop com o uso mais freqüente dos sintetizadores do também baixista Geddy Lee

1987 - O vocalista norte-americano Layne Staley convida o guitarrista Jerry Cantrell e inicia uma das mais famosas bandas de seattle da década seguinte, o Alice in Chains.

1987-1989 - A banda inglesa The Sisters of Mercy grava seu mais importante álbum Floodland com sua mais nova integrante, Patricia Morrison vinda da banda The Gun Club. Morrison teve uma participação decisiva com sua voz dando à banda novos horizontes.

ah como eu queria ter tido vinte anos nessa década...

O que me revolta é pensar que enquanto tudo isso acontecia me ensinavam um monte de baboseiras completamente inúteis na escola, como aulas de gramática ou monômios e polinômios, me deixando alienado de todo esse conhecimento bacana sobre o rock and roll.

Me pergunto por que não ensinam esse tipo de coisa na escola. Talvez porque a idéia do rock seja nos ligar à contra-cultura e nos introduzir à contextação de instituições, entre elas, a escola em si.

Será que se ensinassem sobre a história do rock no colégio acharíamos a matemática "cool"?