08 julho 2008

FUTEBOL ARTE

Acabei de ler sobre uma mostra suíça a respeito da evolução da imagem feminina na arte. De como clichês como "a mulher santa", "a mulher sedutora", "a musa" se intercalaram por entre as épocas e em como a mulher ter começado a pintar mudou a coisa. Interessante, não acham?

Bom, eu até acho isso interessante, digamos que eu entraria mais no clima não fosse pelo enorme descaso que tenho pelas artes plásticas.

Permitam que eu me explique: A questão é que, ao menos hoje em dia, a diferença entre a forma que uma pessoa comum e um "artista" se posicionam frente ao próprio produto criativo é absurdamente grande: os auto-denominados "artistas" dão uma importância estratosfericamente grande pra qualquer porcaria que venham a criar. Algo como se, mais importante que a própria expressão criativa em si, fosse toda a pompa herdada de séculos de história, toda essa maldita pose de intelectual ocidental refinaldo.

Já pararam pra pensar em toda a genialidade dos "artistas anônimos" do nosso tempo? Designers gráficos, publicitários, técnicos em efeitos especiais, modeladores 3d, animadores, ilustradores despretenciosos. Enfim, toda essa gente que realmente dá duro em projetos, muitas vezes, extremamente complexos sem dar a mínima pra o que a academia pense ou deixe de pensar.

A atitude dos artistas academicistas sobre esses que eu chamei de artistas anônimos é sempre a de que eles apenas reproduzem clichês e blá blá blá. Porém vocês já pararam pra pensar no quanto pode ser difícil decorar o interior de uma loja, desenhar o mascote de uma cadeia de fast-food, criar o protagonista de um jogo de video-game ou mesmo filmar uma cena de kung-fu de qualidade?

Vocês acham que Godard conseguiria filmar um combate de The Matrix?

A verdadeira alergia ao clichê que a academia desenvolveu se tornou uma indústria de obras sem sentido e sem complexidade nenhuma. É como se todos esses "artistas" estivessem tentando criar a forma mais randômica possível na esperança de ganhar na "loteria-da-genialidade" e ser apontado como o Picasso dos tempos modernos!

A verdade é que ao evitar demais um clichê, as pessoas acabam caindo em outro e é exatamente o que esse pessoal faz. Tenho certeza que existem muitos artistas realmente talentosos na academia, mas pra encontrá-los é necessário cavar por entre toneladas e toneladas de posers pretenciosos que dariam mais certo pintando panos-de-prato por aí.

Um comentário:

Unknown disse...

Fiquei pensando na genialidade de artistas anônimos que escrevem nos seus blogs no dia oito de julho de 2008, que poderia ser sete ou cinco, pra não dizer vinte e sete de junho do mesmo ano, pq não, né?
Aplausos virtuais!