18 outubro 2006

EXTRA! EXTRA!

Notícia bombástica! Acabei de ter a grande sacada da década sobre a minha própria vida! Se eu fosse um país, o insight que eu acabei de ter seria uma revolução que deixaria a própria revolução francesa no chinelo!

O assunto é o seguinte, depois de mais de um mês sem beber estou percebendo que o que antes parecia uma tragédia pode ser a minha salvação. Em 1997, quando fiz minha primeira terapia, eu passei a descobrir que poderia me socializar e me divertir com isso, e não só fazê-lo por necessidade, como uma forma de passar pelas pessoas sem que elas acabassem com a minha auto-estima. E isso foi ótimo! Fiz uma porção de amigos e até ir pra escola passou a ser menos penoso, quem sabe até divertido.

Infelizmente tudo acabou quando eu passei no vestibular. A mudança de ambiente fez com que todo o meu meio social, que era o que mais me dava suporte, ficasse pra traz e o baque de ser mais uma vez um estranho me desestabilizou. Foi nessa parte da minha vida que eu voltei a beber, e mais que isso, me fez aprender a beber como eu estava bebendo até recentemente. Não é que eu passei a beber mais ou menos, mas sim a relação que passei a estabelecer com o álcool, a partir daí, eu bebia para obter a satisfação que a vida não estava me dando. Eu bebia e ficava animado com o que viesse, mas não de uma forma autêntica, mas extremamente artificial.

Deste ponto em diante, minha vida foi estabelecendo uma relação aonde meus objetivos de vida passaram a ter um papel quase que secundário do lado da minha certeza de que tudo o que eu precisava era ir para um bar e pedir uma cerveja. Aquilo era minha válvula de escape, a válvula de escape de uma frustração que eu parei até mesmo de perceber. O problema é que, como eu costumo dizer, o ser humano tem os olhos na frente, o que significa que nós somos predadores, somos reforçados pela sensação de perseguir nosso objetivo, de caçá-lo e não apenas ficar pastando nossas metas como vacas em um pasto. E foi exatamente o que eu me tornei: uma vaca! A diferença é que em vez de capim, eu pastava cerveja. Infelizmente eu não sou um herbívoro e o conformismo não foi marcado no meu DNA.

Esse meu grande insight de banheiro começou a algumas semanas atrás quando eu me dei conta de que a vida era muito sem graça sem álcool justamente porque não era mais qualquer coisa que me poderia me animar, eu precisava buscar novos horizontes!

Não é a toa que eu quis matar o médico quando ele me falou que eu não poderia mais beber, como é que eu iria deixar uma pessoa jogar pra mim uma responsabilidade de me adaptar em uma mudança tão grande? De repente, em vez de matá-lo, eu tenho é vontade de lhe dar um abraço!

- Doutor, acho que o senhor salvou a minha vida!

E eu pensei nisso tudo cagando. Bom, a vida real pode ser muito poética, mas não necessariamente estética!

5 comentários:

Anônimo disse...

Ei Frks, não se esqueça q grandes acontecimentos se deram em situações semelhantes, ou já se esqueceu q D. Pedro quando proclamou a Independência estava com dor de barriga e aquele "grito" "Independência ou Morte" foi por causa de falta de papel higiênico?? Isso me faz pensar na causa do Brasil ser a merda que é... =(

Francis J. Leech disse...

fascinante!

Anônimo disse...

então... o legal da vida é rir como retardados sem ter usado nenhuma substancia química além de refrigerante.
melhor revoluções interiores, do que ficar imitando um casal se divorciando...
bju

Anônimo disse...

vamos lá, sessãozinha alcóolicos anônimos:

"olá, francis! eu também já passei pelo mesmo problema. mas consegui perceber logo. isso, durante uma vomitada de porre em que vi minha vida indo cano abaixo. hoje em dia bebo coca ligth, ela não engorda mas deixa os dentes amarelos para você não sorrir para ninguém mais".

Anônimo disse...

meu deus realmente perdi meu cumpanheiru de copo!!!
buaaaaaaaaaaaaaaaa